quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Arquitetando um belo par de pernas

Você se sente seduzido e nem percebeu. Sente que quer repetir a dose do ultimo encontro. Não de uma forma sistemática de um compromisso, mas a fim de aproveitar aquela companhia. Tentando racionalizar o que está acontecendo, é preciso saber de onde veio o desejo. Os sintomas são recorrentes de uma forma particular. O conforto que só a presença traz, não com um abraço sufocante, mas poder calar a boca cinco minutos e não se sentir incomodado com o silêncio. Dividir uma pequena cama e não sentir necessidade de mais espaço, afinal dois corpos dialogam melhor com pouca distância. Nem me atrevo a citar o clichê dos lindos olhos, pois já usei o do belo sorriso. Os diálogos te revelam o que seu palpite acertou, e de repente um simples comentário assume um valor essencial na sua rotina.

Você vive o desejo, se embriaga dele e passa mal. A grande surpresa é que a ressaca não veio, e sem ela uma nova noitada pela frente. Comemorando a existência você só tem a pretensão de esquecer do tempo, este carrasco dos encontros curtos. Mas você vive, eu vivo. Não pela ilusão de estar completo, mas pelo fato dessa banal existência ter agora uma nova pulsão, fazendo de mim um cara melhor.
Fazendo de mim um cara que quer ser melhor.

4 comentários:

  1. Ah, Caio. Li isso tudo só agora... quase 4 meses depois!

    QUE LINDO.

    ResponderExcluir
  2. E eu, 7 meses e 3 dias depois... Por que parou? Parou por quê? Excelente o texto! E a empreitada toda estava tão boa. Volte logo, rapaz!

    ResponderExcluir